Monthly Archives: October 2009

Houve um político no Brasil…

…que era capaz de responder uma pergunta com mais de 140 caracteres.

Onde doar revistas?

Tenho assinatura da Carta Capital e quero doar todas que recebo. Geralmente levo uma semana pra ler e depois fica jogada por aqui 😦 As bibliotecas que visitei já possuem assinatura dela. O consultório da minha dentista já vive lotado de revistas ruins e a portaria daqui do prédio tem pouco movimento. Alguma dica? De preferência em SP.

Sobre a tal sorte moral

Sabe quando você não confia em alguém mesmo que suas ações, seu ativismo, seu discurso, enfim, toda sua vida esteja aparentemente dedicada a uma causa que também é aquela que você defende? Em determinadas circunstâncias fica evidente que ali está uma máscara pronta pra ser lançada ao longe na primeira oportunidade. São aqueles sujeitos que por mais esforço que empenhem não conseguem travestir suas reais ambições. O herói que brinca de salvar o mundo e conquista a confiança alheia, até chegar a tão esperada oportunidade de “salvar-se no mundo”.

Mas não são desses que quero falar. Me inquietam aqueles que realmente não me dão motivos racionais para desconfiança, senão pela orelha em pé cultivada por um tipo de heurística completamente instintiva (paranóica?) que no meu caso vem evoluindo nos últimos anos.

Vejo-me então diante de um conflito ético, permito julgar (mesmo em silêncio) o cidadão que nada fez para me afetar, e que adicionalmente consegue resultados positivos no que acredito ser socialmente justo e necessário.

Não. Não vou mudar, até porque tenho acertado nas minhas previsões. Continuerei em conflito, em silêncio, até que o suspeito levante a mão e se entregue, quando condenado à sua própria sorte moral.

Sobre o assunto eu acho que vale a reflexão de alguns trechos do livro “Filosofia – Novas Respostas para Antigas Questões”, de Nicholas Fearn. Como eu disse em outros posts, a leitura tem me ajudado a perceber que nem sempre estou sem a razão 🙂 e gosto de compartilhar quando isso acontece:

“Está na natureza dos deveres exceder muitas vezes seu alcance inicial, e podemos nos ver em situações morais difíceis. Ao aceitar a sorte moral, ao aceitar responsabilidades que não buscamos, somos capazes de exibir virtudes que de outro modo não seriam exercidas.”

“A má sorte envolvida não é aquilo que afeta nosso caráter moral, mas o que torna nosso caráter inferior transparente para os outros.”

Penso que o trecho a seguir é bastante relacionado à auto-estima por vezes exacerbada dos cidadãos de países desenvolvidos:

“Um dos muitos luxos que os cidadãos do rico Ocidente podem se proporcionar é um senso moral extremamente desenvolvido. Não há necessidade de declarar “cada um por si” quando todos os homens recebem alimento, abrigo e segurança por direito nato. Com os benefícios das garantias de propriedade e da soberania da lei, juntamente com a ausência de malária, de fome e de mortalidade infantil elevada, as pessoas nos países desenvolvidos foram poupadas da necessidade de roubar pão, subornar fiscais tributários e cometer assassinatos em lutas de guerrilha contra forças governamentais ou exércitos rebeldes. Podemos nos permitir até “luxos morais” como dietas vegetarianas de alto teor protéico e instituições para o bem-estar dos animais que inspiram riso ou descrença em grande parte do Terceiro Mundo. É óbvio que não deveríamos nos sentir excessivamente orgulhosos por evitar atos criminosos que não temos necessidade de cometer. […] De maneira semelhante, é possível que as pessoas da Grã-Betanha fossem do tipo que trancafiaria os judeus em campos de concentração assim que os alemães assobiassem. Contudo, em vez de testar apropriadamente as circunstâncias, devemos lhe dar o benefício da dúvida. Não pode haver a mesma concessão no caso das populações da França e da Alemanha, porque elas foram postas à prova e se mostraram aquém das expectativas.
Seria Absurdo acusar pessoas por coisas que não fizeram, como colaboração, assim como seria absurdo sustentar que os que cometeram esses atos não deveriam ser considerados responsáveis por eles, mas é isso que qualquer negação da sorte moral acarreta.”

Big Jay McNeely playing on his back, Los Angeles, 1951

Great moments should be shared.

Agência Senado é uma onda…

“Magno Malta também acolheu sugestão apresentada pelo diretor de Pesquisa e Inovação da SaferNet Brasil, Tiago Bortoletto Vaz, de se elaborar um projeto para criar uma “lei de responsabilidade humana” destinada a punir o gestor público que deixar de cumprir o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)”

Embora seja interessante a sugestão, tenho que abrir mão dos créditos 🙂

WSJ e Veja a serviço do Brasil

Nada novo, mas vale recordar…

Em 7 de maio de 2007 o grandão ianque Wall Street Journal publicou um editorial dedicado a criticar a medida do presidente Lula no licenciamento compulsório do Efavirenz (medicamento utilizado no tratamento da AIDS). Com a seguinte pérola o editorial é finalizado:

“Sem uma resistência vigorosa na reunião da OMS em Genebra, na semana que vem, mais países poderão logo seguir os exemplos da Tailândia e do Brasil. Isso seria ruim para os direitos de propriedade em todo o mundo, e seria um desastre para os pobres do mundo.”

Será que foi mesmo ruim? Os neo-capitalistazinhos-de-plantão sugerem que as próximas gerações serão prejudicadas, com a bela retórica de que as empresas que perdem (???) o monopólio pelo licenciamento compulsório (ou “quebra de patentes”, como querem) não investirão mais em pesquisa para evoluir tais medicamentos (a concorrência agradece).

Revista Veja

Pra finalizar este post com maestria, vale citar a Revista Veja, que não fica pra trás nessas questões e obviamente meteria o bedelho, conseguindo até mesmo ofuscar o brilho do WSJ. Foi eleito então um bundãozinho portavoz da elite branca paulista pra completar as bobagens do jornalzão americano:

“Solenidade para quê? Para anunciar ao mundo que o Brasil não respeita a propriedade intelectual? E o que disse Lula? “Hoje é o Efavirenz, mas, amanhã, pode ser qualquer outro comprimido, ou seja, se não tiver com os preços que são justos, não apenas para nós, mas para todo ser humano no planeta que está infectado, nós temos que tomar essa decisão. Afinal de contas, entre o nosso comércio e a nossa saúde, nós vamos cuidar da nossa saúde“, afirmou o presidente.” (…) Trata-se de uma presepada (…) “Não é possível alguém ficar rico com a desgraça dos outros“, disse ainda Lula na solenidade. Tá certo. Vamos deixar as doenças a cargo de iluminados como este senhor. Ele ainda não conseguiu fazer a Funsa [sic] entregar remédio para salvar meia-dúzia de indiozinhos. Mas se oferece para salvar o mundo inteiro. Muito típico.

Se você quer se orgulhar um pouco do seu presidente (afinal, não é sempre que ele dá essa chance) e ao mesmo tempo se perguntar como uma imprensa ridícula como esta ainda sobrevive, leia a matéria completa.